Como à fotografia – entre outras, várias, coisas – o autor chegou tarde à escrita.
Mas chegar tarde não é necessariamente sinónimo de chegar mal ou atrasado:
bem pelo contrário até frequentemente. O chegar tarde, quando ainda se está bem
a tempo – o que não acontece com tudo – é sinónimo de um maior saber
de experiência feito, como cantou Camões, de mais humildade e de uma outra liberdade
– sobretudo quando já se tem uma carreira firmada noutros campos.
Impera então sobremaneira o gosto por…
À literatura, sonho que o acompanhava desde a escolinha primária, Fausto Marsol
chegou aos 50 anos, mas ainda a tempo de ter publicado já 4 livros, um de cada paladar:
romance, ensaio de gestão, contos e poesia, por esta ordem.
Em 2001, surgiu ai, adeus!; em 2005 é publicado Maquiavel para Gestores Contemporâneos – Como Tornar-se Príncipe da Gestão; Caril e Outras Receitas Amorosas sai em 2012 e finalmente em Outubro de 2019 é editado
De Todas as Noites e Outras Paisagens Poéticas, obra que reúne poemas e fotografias.
O estreitar da relação do autor com a arte fotográfica acontece aos 63 anos,
numa enfermaria do H. de S.ta Maria, convalescendo de uma embolia pulmonar bilateral enquanto espera pelo diagnóstico de um linfoma – confirmado 6 meses depois.
Ora as perdas podem bem ser minimizadas se conseguimos não nos enredar no choro
e, antes, nos centramos no que podemos ganhar.
No caso, tempo e, sobretudo, disponibilidade - que se aliaram aos gostos.
Apesar da idade, dos livros publicados e das exposições já realizadas,
Fausto Marsol considera-se um autor novo – e (ainda) pouco conhecido:
talvez por ter chegado tarde e sem pressas.