Eva
Como eu gostava
de me deixar tentar
por ti – agora -,
pelo fruto
que sempre me disseram proibido,
de perdição,
de condenação às profundezas,
de um inferno horrendo,
de labaredas dançantes
de brilhos projectados em paredes,
de pedra negra,
consumindo-me sem arder.
De…,
se…
Como eu queria sentir esse fogo
na minha pele
e deixar-me levar
penetrando(-te) na caverna húmida,
sem receios
de ameaças,
de pecados,
de penitências,
de juízos – intermédios ou finais -,
de belzebus horrendos,
de eternidades sofredoras,
disfrutando apenas, sem depois.
De…,
se…
Mas senhor, se são só romãs
o que me tenta…
Romãs-peito que despontam
do tronco arfante
e espreitam como se entre folhagens
nascessem do verde estampado
do decote de um vestido.
E então fotografas ou não?
Descodifico lento os sons
da tua voz acentuada de humor
e regresso.
Desvio o olhar:
espreito pelo óculo da máquina
e disparo finalmente
focando-me naquela coroa
que me lembra os bicos do teu peito
– perfeitos da cor rosada da romã
Fausto Marsol